20/05/2008

Retrouver Giacometti - Correia da Fonseca



Je venais de finir de regarder Polifonias et me prit alors le désir fou de ne plus voir davantage la télévision, au moins durant cette année (...) Afin de ne rien superposer à ces images, à ces sons. Ce choc émotionnel est né en retrouvant Michel Giacometti bien sûr, mais aussi de la surprise d'un film d'une beauté majestueuse qui paraissait s'élever jusqu'aux cieux et qui cependant avait l'odeur et la saveur de la terre, l'haleine des hommes, la fraternité des gens.(...)

Cela a démontré l'évidente grandeur du matériel que Michel Giacometti a recueilli et préservé. Le chant, évidemment, mais plus que cela, les gens. Les visages sous lesquels tremble l'émotion. Les hommes qui chantent enlacés, orgueilleux d'être hommes et de chanter ainsi. (...)

L'évocation de Michel Giacometti par Pierre-Marie Goulet nous arrive encadrée, comme Michel lui-même l'aurait désiré, dans une sorte de décor cyclopéen qui a intégré des paysages beaux mais jamais "jolis", des chants solennels comme des pièces sacrées et les rides des hommes. On regardait, on écoutait et on était traversé par un frémissement d'étonnement.

Correia de Fonseca
Diário do Alentejo

19/05/2008

Reencontrar Giacometti - Correia da Fonseca

Acabei por ver Polifonias e saltou-me ao caminho a vontade desvairada de não ver mais televisão, ao menos este ano. (...) Para não sobrepor nada áquelas imagens, áqueles sons. Aquela comoção nascida do reencontro com Michel Giacometti decerto, mas também da surpresa de um filme assim, (...) de uma beleza majestosa que parecia subir até aos deuses e, contudo, tem cheiro e sabor a terra, hálito de homens, fraternidade de gentes. (...)

Polifonias
demonstrava a evidente grandeza do material que Michel Giacometti recolheu e preservou. O canto, é claro, mas mais que isso : as gentes. Os rostos com máscaras sólidas sob as quais tremula a emoção. Os homens que cantam enlaçados, orgulhosos de serem homens e de cantarem assim. (...)

A evocação de Michel Giacometti chegou-nos enquadrada, como o próprio Michel desejaria, numa espécie de cenário ciclópico que integrava as paisagens belas mas nunca bonitinhas, os cantos solenes como peças sagradas e as rugas humanas. Olhava-se, ouvia-se, e era-se atravessado por um frémito de espanto. Pela beleza do filme, sem dúvida. Também pela descoberta de que, afinal, também é possivel que a televisão nos permita momentos assim. (...)

Correia da Fonseca
Diário do Alentejo - 2 Janeiro de 1998